18 anos no Norte

Hoje é a última emissão da Praça da Alegria em Gaia.
Ouvir o genérico cantado por um coro de crianças e adultos que acompanha o programa desde o início fez-me emocionar. Chorar, mesmo! Não, não é da gravidez, é por muita tristeza... Verdadeira. Tenho pena, estamos a perder gente muito boa, estamos a perder partes de nós, a ficar desmembrados. Fico triste, muito triste.

"Quando estamos expostos a uma grande tensão durante muito tempo, os nervos, sem que nos demos conta, acabam por se converter num pedaço de borracha frouxa. Uma vez esticada, torna-se difícil devolvê-la ao seu estado original."

2013: Day 1

Dia de Karate Kid, Madagáscar 2 e O Turista. No sofazinho *

 

Último dia do ano

Depois do contratempo de novembro (ainda estive mais uma semana na maternidade), lá nos recompusemos e entramos nas 36 semanas!
 

Temos estado por casa, eu e o Ricardo a descansar e o maridão a recuperar da cirurgia ao joelho... parece que foi combinado, mas nós não combinamos nada, acho que foram os astros que se alinharam para estarmos juntinhos nestes dias de frio :D

As "sessões fotográficas" estão feitas, caseirinhas porque estamos na altura das poupanças. As malas para o grande dia estão prontas. O quarto do Ricardo encaminha-se para ficar pronto (em 2013 haverá fotos!) e já não falta quase nada para os primeiros meses de vida. Mal ou bem temos conseguido tratar das prendas de Natal, ou dos miminhos! (tb haverá fotos em breve... eheh). Estamos a atualizar-nos de filmes e séries, coisa de que já sentíamos falta! Finalmente estou a fazer ponto de cruz! Tenho que tratar da parte escrita da dissertação, meta a atingir agora no início do mês (dá-lhe Fátima!) pra deixar o resto desta preocupação pra depois.

Vai ser um grande ano, tenho fé.

Saúde a quanto obrigas...

Isto não é um diário nem nunca o tratei como tal mas hoje vai ser uma coisa parecida... Os dias têm sido bastante "diferentes", uns mais dolorosos que outros, uns mais desesperançados do que outros... mas têm-se seguido e uma semana já passou. Faço um resumo:
- Domingo-feira, dia 18 - a Maria fez um mês de idade. Fomos vê-la, fomos ao continente e viemos pra casa tratar de organizar as coisas para a semana que estava a começar. O Ruizinho fez sopinha, maçã cozida para os nossos almoços/lanches e descascou-me romã pra eu levar pra escola. Eu andei à volta com classificações da funcionalidade segundo a CIF e não terminei o monte que tinha pra fazer... Mas tudo estava sob controlo e no dia seguinte tudo se compunha. As sessões estavam preparadas. Deitei-me pelas 3h.
- Segunda-feira, dia 19 - antes das 7h da manhã levanto-me pra esvaziar a bexiguita (coisa que já não era normal em mim) e já não me consigo voltar a deitar. Dores, ameaça de desmaio. Vamos pra maternidade. Cardiotocografia feita: não tenho contrações (à partida, já o sabia), o bebé mexe e ouve-se o coraçãozinho. Não se percebe de onde vêm as dores, tenho que seguir pro Sto António. O Rui foi indo, eu fui transferida de ambulância. Ainda consigo ir sentada mas o trepidar da ambulância é demais. As dores já não são só no fundo da barriga como no início (começando a retirar-me a esperança de uma "simples" infeção urinária) e espalham-se por todo o abdómen. Dói quando respiro fundo. Quando chego, pouco depois chega o Rui, dizendo-me que a minha mãe já estava dentro do hospital... a acompanhar a minha avó que tinha sido assaltada e tinha aberto a cabeça... Que dia! Sou vista na especialidade de cirurgia geral, faço eco renal onde são detetados dois cálculos no ureter (acho que o médico não tinha acreditado nas minahs dores até ver estas lindas pedrinhas) ali, bem instaladas, com 6 e 11mm cada uma... Passo para urologia onde me é proposto fazer um cateterismo. Faço no final de turno da equipa que lá estava. Fazem-me uma raquianestesia e assim fico até ao dia seguinte, na sala de recobro porque não havia lugar na enfermaria nem me queriam levar diretamente pra maternidade sem garantias de que a parte urológica estava resolvida. Durmo na sala de recobro, com duas enfermarias que dormiram comigo, num colchão no chão.
- Terça-feira, dia 20 - sou reavaliada por urologia e uma equipa de ginecologia/obstetrícia que se desloca ao hospital. Um dedo de dilatação?? Faço nova eco e recolocação do cateter (duplo J ou pigtail, como queiram chamar). Desta vez com raquianalgesia e com auxilio de exames de imagem (rx, julgo eu) pra certificar que o cateter ficava no sítio. Parece que sim. Sou transferida pra maternidade e passo a noite na unidade de partos (acho que é este o nome). Nota: cheguei ao primeiro andar graças à força muscular e à boa vontade de duas enfermeiras dedicadas, um segurança e um motorista da ambulância que me levaram "a braços" porque os dois elevadores não funcionavam...
- Quarta-feira, dia 21 - depois de reavaliada por uma equipa de GO, passo pra enfermaria, ou unidade de cuidados especiais. Todos os dias fazemos cardiotocografia, medimos tensões e a febre. Tomo antibiótico, faço terapia para a maturação dos pulmõezinhos do rapazola e para prevenir as contrações. Neste dia ainda estava a soro e algaliada (esta última é das melhores experiências... lol).
- Quinta-feira, dia 22 - dia com algumas dores mas suportáveis. A noite foi o pior. As dores pioraram, não tinha posição pra dormir. Ou seja, não dormi, não descansei e passei uma noite terrível... A minha irmã ajudou-me a tomar banhoca :)
- Sexta-feira, dia 23 (ontem) - o meu xixi estava já com uma cor aceitável. Com aval da equipa de GO e do urologista que veio cá, retiramos o soro e retirámos a algália. Weeee!!! Ca fixe! Mesmo!! Até pra tomar banho, pra fazer o xixi, pra ir tomar as refeições... Sei lá, é tudo melhor! Mas passei o dia a correr pra wc e as dores persistiam... Tivemos a visita da nossa obstetra. Gostamos dela e realmente conforta saber que a teos por cá :) À noite a coisa estava mazinha, tive que pedir medição analgésica em SOS, diclofenac (voltaren) intramuscular. E ainda me deram uma droguita oral pra acalmar, porque sim, estava bastante ansiosa, e sem dormir, pior um pouco... Dormi bem, apesar do tempo que se pôs de noite e que fazia abanar as janelas do quarto...
- Sábado, dia 24 (hoje) - andei bastante melhor, não quero deitar foguetes antes da festa mas estou francamente melhor das dores. E isso é um facto. Comi melhor. Já me consigo virar de lado. A ver vamos se passo bem a noite e se vou fazendo progressos com o tempo. E se o Ricardinho fica mais tempo no quentinho da mamã ;)

(Não quero esquecer quem já esteve aqui comigo - maridão, pais, avó, irmã, sogros, cunhado, madrinha, Telma, Sílvia e Artur, Rita - e quem todos os dias telefona ou manda mensagem a saber como estou)

(Também não quero esquecer as gomas docinhas e a bela sopa de abóbora, cenoura e laranja da Rita e do David - que saudades vou ter tuas, Ritinha!, a letria da minha avó, o leite creme morninho da minha sogra, os miminhos da minha madrinha para o Ricardo, o Compal de Pêra e as camisas de noite super giras da mamã e os dois próximos volumes de 1Q84, já que o primeiro acabei hoje *)

Devo ter-me esquecido de alguma coisa.
Mas entretanto atualizo :)

Futuro

Nesta fase penso cada vez mais no futuro, e este vídeo já me fez chorar..

09.Novembro

Tenho que respirar, encontrar forças para cumprir os meus objetivos.

São muitos... fase de recolha de dados para o mestrado (recolha esta que vai ser individual...), novos casos na TF, PEI's para fazer em conjunto com as docentes de EE, preparação do quartinho do nosso Ricardo (que inclui reciclagens, pinturas, decoração...).
Além disto tudo, temos a preparação do chá do nosso babe, organização das 1001 coisinhas que ele precisa quando nascer (e eu!), as aulas de preparação para o parto, os jantares de aniversário sem fim, o aniversário do meu babe maior (!), o Natal a caminho, os registos que devo deixar prontinhos para as TF que me irão substituir... sei lá mas quê...
Gostava mesmo muito de me perder no puzzle de 2000 peças que compramos para o quarto do Ricardo, de fazer coisas pra ele em ponto de cruz (atividade que me relaxa tanto...).

Estou sem tempo pra fazer tudo, sem tempo para fazer as coisas com calma como gostaria.
Fico chateada quando não se interessam pelo nosso trabalho ou só falam em nós em tom de crítica e sem razão. Continua a acontecer-me pensar se deveria estar ali ou não. Tantas vezes me apetece virar costas e fazer outras coisas.

Tenho muito sono e só me apetece chegar a casa e dormir (apesar de não o fazer...).
Tenho uma azia descomunal, um refluxo que me incomoda solenemente, cãibras que me acordam a meio da noite. Doem-me as costas e ando muito cansada.

Mas adoro sentir o nosso bebé lindo, todos os dias, sempre que me sento no sofá, sempre que como qualquer coisa. Gosto de saber que ele acalma com o toque do pai! Gosto de imaginar a cumplicidade dos dois homens da casa. Torço para que sejamos bons pais e para que o nosso filhote se prepare para a dureza do futuro que nos espera. Tenho consciência que vai ser difícil e que vamos ultrapassar esta fase mais tarde do que pensava (ou acreditava!) mas também sei que vamos conseguir.